Missão do
Sistema SENAI
Contribuir para o fortalecimento da indústria e o desenvolvimento
pleno e
sustentável do País, promovendo a educação para o trabalho e a
cidadania, a assistência técnica e tecnológica, a produção e
disseminação
de informação e a adequação, geração e
difusão de tecnologia.Para que os portadores se movimentem no interior da estrutura de um transistor é necessário aplicar tensões entre os seus terminais. O movimento dos elétrons livres e lacunas está intimamente relacionado à polaridade da tensão aplicada a cada par de terminais do transistor, como descrito a seguir.
OPERAÇÃO DO TRANSISTOR NA REGIÃO ATIVA
A estrutura física do
transistor propicia a formação de duas junções pn, conforme ilustrado na Fig.1:
·
Uma junção pn entre o cristal
da base e o cristal do emissor, chamada de junção
base-emissor.
A formação das duas junções
no transistor faz que ocorra um processo de difusão dos portadores. Como no caso do diodo, esse processo de
difusão dá origem a uma barreira de potencial em cada junção.
No transistor, portanto,
existem duas barreiras de potencial, mostradas na Fig.2, que se formam a partir da junção dos cristais
semicondutores:
·
A barreira de potencial na junção base-emissor.
·
A barreira de potencial na junção base-coletor.
As características normais de polarização dos
terminais do transistor são sumarizadas a seguir.
JUNÇÃO BASE-EMISSOR
Na condição normal de
funcionamento, denominada de funcionamento
na região ativa, a junção
base-emissor fica polarizada diretamente, conforme ilustrado na Fig.3.
A condução através da junção
base-emissor é provocada pela aplicação de uma tensão externa entre a base e o
emissor, com polarização direta, ou seja, com o material tipo p tendo polarização positiva com relação
ao material tipo n.
JUNÇÃO BASE-COLETOR
Para operação na região
ativa, a junção base-coletor fica polarizada inversamente, ou seja, com o
material tipo p polarizado
negativamente em relação ao material tipo n,
conforme mostrado na Fig.4.
POLARIZAÇÃO SIMULTÂNEA DAS DUAS JUNÇÕES
Para que o transistor
funcione adequadamente, as duas junções devem ser polarizadas simultaneamente.
Isso é feito aplicando-se tensões externas nas duas junções do componente. A Fig.5 mostra a forma de polarização de
um transistor para operação na região ativa.
Uma forma alternativa de configuração, que permite obter a operação do
transistor na região ativa é mostrada na Fig.6,
para o caso de um transistor npn.
Uma inspeção do diagrama de
circuito mostrado na Fig.6 permite
extrair as seguintes observações:
·
A bateria B1 polariza diretamente a junção base-emissor.
·
A bateria B2 submete o coletor a um potencial mais elevado
do que aquele aplicado à base.
Dessa forma, a junção
base-coletor está submetida a uma polarização inversa, o que juntamente com a
polarização direta aplicada à junção base-emissor, possibilita operação na
região ativa do transistor. Conclui-se
portanto que os dois esquemas mostrados na Fig.7
produzem polarizações equivalentes nas junções do transistor.
Em resumo, para operação de um transistor na região
ativa, tem-se:
·
Polarização direta da junção base-emissor.
·
Polarização inversa da junção base-coletor.
A alimentação simultânea das
duas junções, através de baterias externas, dá origem a três tensões entre os
terminais do transistor:
·
Tensão base-emissor, representada pelo parâmetro VBE.
·
Tensão coletor-base, representada pelo parâmetro VCB.
·
Tensão coletor-emissor, representada pelo parâmetro VCE.
Esses
parâmetros estão representados na Fig.8 para
os transistores pnp e npn. Como pode ser aí observado, as
tensões entre os terminais são definidas matematicamente pelas relações
Com base na Fig.8, ou
alternativamente, somando as Eqs.(1)
e (2) e comparando com a Eq.(3), tem-se que as tensões entre
terminais satisfazem a condição
Vce=Vcb+Vbe (4)
Na Fig.8 as
baterias externas estão polarizadas de forma a permitir a operação do diodo na região ativa. Nessas
condições, as tensões definidas nas Eqs.(1)
a (3) devem assumir os sinais
indicados na Tabela 1.
Tabela 1 Sinais das tensões entre terminais para os transistores pnp e npn.
Tensão
|
Transistor pnp
|
Transistor npn
|
VBE
|
negativa
|
positiva
|
VCB
|
negativa
|
positiva
|
VCE
|
negativa
|
positiva
|
PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO TRANSISTOR BIPOLAR
A aplicação de tensões
externas ao transistor provoca o movimento de elétrons livres e lacunas no
interior da estrutura cristalina, dando origem às correntes nos terminais do
transistor. Utiliza-se como representação de circuito para essas correntes
aquela indicada na Fig.9.
As correntes definidas na Fig.9, recebem as seguintes denominações:
·
IB = corrente de base.
·
IC = corrente de coletor.
·
IE = corrente de emissor.
O sentido das correntes representadas
na Fig.9 segue uma convenção que
estabelece:
De acordo com essa convenção as correntes nos terminais do transistor
satisfazem a relação
Ib+Ic+Ie = 0 (9)
Seguindo a convenção adotada, para transistores npn e pnp operando na região ativa, os sinais das três correntes
definidas anteriormente são aqueles indicados na Tabela 2, conforme ilustrado na Fig.10.
Tabela 2 Sinais das
correntes nos terminais dos transistores pnp
e npn para operação na região ativa.
Corrente
|
Transistor pnp
|
Transistor npn
|
IB
|
negativa
|
positiva
|
IC
|
negativa
|
positiva
|
IE
|
positiva
|
negativa
|
O princípio básico que
explica a origem das correntes no transistor é o mesmo para estruturas npn e
pnp, e a análise do movimento de portadores de carga pode ser realizada
tomando-se como exemplo qualquer das duas estruturas. Isso é feito a seguir
para a análise das correntes em um transistor pnp posto em operação na região ativa.
CORRENTE DE BASE
A corrente de base é
produzida pela aplicação de uma tensão que polariza diretamente a junção
base-emissor e cujo efeito é semelhante àquele observado em um diodo
semicondutor polarizado diretamente.
Como ilustrado na Fig.11, a aplicação de uma tensão positiva
Veb=Ve-Vb (11)
com um valor superior ao potencial de barreira da junção base-emissor,
facilita a injeção de lacunas do emissor para a base e de elétrons livres no
sentido inverso. Como no caso de uma junção semicondutora comum, o potencial de
barreira é tipicamente 0,6 a 0,7 V para o silício e 0,2 a 0,3V para o germânio.
Transistores são construídos
com o emissor tendo um grau de dopagem muito superior àquele da base. Dessa forma o fluxo de portadores ocorre
predominantemente por parte das lacunas injetadas na base.
A pequena
quantidade de elétrons disponíveis na base se recombina com parte das lacunas
aí injetadas, dando origem à corrente de base. Com o pequeno grau de dopagem da
base, poucas recombinações ocorrem, resultando em um pequeno valor para a corrente
de base, normalmente na faixa de microampères a miliampères.
Assim, a maior parte das
lacunas provenientes do emissor não se recombina com os elétrons da base,
podendo portanto atingir a junção base-coletor.
CORRENTE DE COLETOR
Devido à pequena espessura
da região da base e também ao seu pequeno grau de dopagem, o excesso de lacunas
que não se recombinaram com os elétrons naquela região atingem a junção
base-coletor, conforme ilustrado na Fig.12.
Como a junção base-coletor está inversamente polarizada, essas lacunas são
aceleradas pela queda de potencial existente naquela junção, dando origem à
corrente de coletor.
A corrente de coletor tem um
valor muito superior à corrente de base porque a grande maioria das lacunas
provenientes do emissor não se recombinam com os elétrons da base, sendo
portanto injetadas diretamente no coletor.
Tipicamente, um máximo de 5%
do total de lacunas provenientes do emissor produz a corrente de base, com o
restante dando origem à corrente de coletor. Essa grande diferença entre as
correntes de base e de coletor está ilustrada na Fig.13.
CORRENTE DE EMISSOR
A partir da discussão das
seções anteriores, e de acordo com o princípio da conservação da carga
estabelecido pela Eq.(5), a corrente
de emissor pode ser obtida da relação
Ie= (-Ib)+(-Ic) (6)
De acordo com a convenção adotada para definir as correntes nos
terminais do transistor, os sinais a elas atribuídos indicados na Tabela 2, são compatíveis com os sentidos dos fluxos de corrente,
mostrados na Fig.14. Conseqüentemente, para o transistor pnp operando na região ativa:
·
IB < 0 Þ (-IB) > 0, indicando que a
corrente na base flui do terminal B
para o circuito.
·
IC < 0 Þ (-IC) > 0, indicando que a
corrente no coletor flui do terminal C
para o circuito.
·
IE > 0 indica que a
corrente no emissor flui do circuito para o terminal E.
CONTROLE DE CORRENTE NO TRANSISTOR
A principal característica
do transistor reside no fato de a corrente de base poder controlar
eficientemente a corrente de coletor. A corrente de base pode ser modificada
pelo ajuste externo da tensão na junção base-emissor, conforme ilustrado na Fig.15.
Dessa forma, qualquer
variação na tensão da fonte aparece diretamente como uma variação na altura da
barreira de potencial da junção base-emissor, fazendo que mais ou menos
portadores provenientes do emissor sejam injetados na base. Como as correntes
de base e de coletor variam em proporção direta com o número de portadores
provenientes do emissor, conclui-se que variações na tensão aplicada à junção base-emissor,
ou equivalentemente na corrente de base, causam variações na corrente de
coletor.
Nota-se que apesar de a
corrente de base ser de pequeno valor, ela atua essencialmente de forma a
liberar a passagem de mais ou menos corrente do emissor para o coletor. Dessa
forma a corrente de base atua como corrente de controle, e a corrente de
coletor, como corrente controlada.
GANHO DE CORRENTE DO TRANSISTOR
Como discutido na seção
anterior, através de um transistor é possível utilizar um pequeno valor de
corrente IB para controlar
a circulação de uma corrente IC,
de valor bem mais elevado.
Uma medida da relação entre
a corrente controlada IC e
a corrente de controle IB
pode ser obtida do parâmetro
bDC = Ic/Ib (7)
definido como o ganho de corrente contínua entre base e coletor.
Como na região ativa as
correntes IC e IB
têm o mesmo sinal, nesse regime de operação o parâmetro bDC é um número positivo.
Cada transistor é fabricado
com um valor bem definido para o parâmetro bDC, que depende das
características materiais e estruturais do componente e do regime de operação
do transistor. Da Eq.(7) tem-se que
Ic=bDCIb (8)
A Eq.(8)
mostra que a corrente de coletor é diretamente proporcional à corrente de base,
e que IC pode ser
calculado a partir do conhecimento dos valores de bDC e IB.
É importante salientar que o
fato de o transistor permitir a obtenção de um ganho de corrente entre base e
coletor não implica em criação de correntes no interior da estrutura. Todas as correntes que circulam em um
transistor são provenientes das fontes de alimentação, com a corrente de base
atuando no sentido de liberar a passagem de mais ou menos corrente do emissor
para o coletor.