domingo, 27 de maio de 2012

CURSO DE ELETRÔNICA - Erros de medição


Missão do Sistema SENAI

                Contribuir para o fortalecimento da indústria e o desenvolvimento
     pleno e sustentável do País, promovendo a educação para o trabalho  e  a
     cidadania, a assistência técnica e tecnológica, a produção e disseminação
     de informação e a adequação, geração e difusão de tecnologia.



                Valorização das Pessoas – Reconhecimento e respeito ás pessoas
      pelo seu trabalho e valorização destas como agentes de mudança.



Erros em medição



Erro é uma diferença entre o valor real da grandeza medida e o valor indicado pelo instrumento. A Fig.1 ilustra este conceito.



Fig.1 Erro de um instrumento.


Os instrumentos se apresentam em uma grande variedade e com diferentes padrões de  qualidade. De modo geral, quanto menor o erro introduzido em uma medição, tanto melhor o instrumento.

A qualidade do instrumento é definida através de um parâmetro denominado de classe do instrumento.

As classes dos instrumentos são dadas em percentuais, tais como: classe 1,5, classe 1, classe 0,5 e classe 0,1.

Alguns instrumentos trazem a classe impressa na escala em lugar visível ao usuário, como o instrumento de painel mostrado na Fig.2.

 Fig.2 Indicação da classe no instrumento de painel.

Conhecendo-se a classe de um instrumento, pode-se determinar o valor máximo do desvio Dx provocado por ele através da equação:

                                                                                                   (1)

onde x é o valor do fundo de escala do instrumento e cl a classe.

Por exemplo, um voltímetro com escala de 250V e classe 1 introduz um desvio máximo na indicação de:


Como esse desvio pode ocorrer tanto para mais como para menos do valor real, escreve-se  Dx = ± 2,5V.

O desvio (Dx) calculado através dessa equação é denominado também de erro absoluto porque o seu valor depende apenas de fatores inerentes ao instrumento (classe e valor de fundo de escala), sendo independente do valor que o instrumento está medindo.

Isto pode ser esclarecido através de um exemplo. Um multímetro com fundo de escala 250V e classe 1 tem um erro absoluto de ±2,5V (calculado anteriormente).

-  Se este voltímetro está indicando 100V, o valor real da tensão pode estar entre 97,5 e 102,5V (100V ±2,5V).

-   Se este voltímetro está indicando 20V, o valor real da tensão pode estar entre 17,5V e 22,5V (20V ±2,5V).

Obviamente um erro de ±2,5V em medições como 100V, 120V ou mais, não chega a ser importante.

Entretanto, ±2,5V são significativos em medições como 20V, 30V e assim por diante.

Para se saber o quanto um erro é significativo em relação a uma medição, calcula-se o erro relativo Dp :

                                                                                              (2)

onde  Dx é o erro absoluto e  M é o valor medido com o instrumento.


Exemplo 1:

Determinar o erro absoluto de u voltímetro de 250V, classe 1 e os erros relativos nas medições de 100V e 20V.

Solução :

Erro absoluto                           Dx = ±2,5V




                   na medição de 100V        

                                                                    erro relativo 2,5%

                   na medição de 20V           


                                                                    erro relativo 2,5%

Verifica-se que um voltímetro de 250V classe 1 não é apropriado para medir tensões da ordem de 20V porque o erro percentual na medição é muito grande.

Daí, pode-se concluir que a indicação será mais precisa quanto mais próximo ao fundo da escala for o valor medido. Esta conclusão é válida para instrumentos de escala linear. Em instrumentos de escala não linear, tais como ohmímetros e voltímetros de CA, a indicação mais precisa ocorre no centro da escala.



Erros devido ao posicionamento



Além do erro provocado pelo instrumento, existem os seguintes fatores que interferem na confiabilidade de uma medição :

·     O posicionamento do instrumento.

·     O posicionamento do observador.


POSICIONAMENTO DO INSTRUMENTO


Os instrumentos de medição com indicação através de ponteiro, têm posição correta de trabalho definida. Existem instrumentos cuja posição correta de trabalho é vertical, outros horizontal e ainda alguns que são construídos para trabalhar em posição inclinada.

Alguns instrumentos trazem um símbolo no painel que indica a posição adequada de funcionamento, como mostrado na Fig. 3.

 Os símbolos empregados são:



Fig.3 Instrumento para operação na vertical.


No caso de multímetros, a posição de trabalho correta é horizontal.

Instrumentos como o osciloscópio que não têm peças móveis, podem operar em qualquer posição sem prejuízo para a indicação. Contudo, o operador deve procurar posicionar este tipo de instrumento de forma a ter visibilidade perfeita para a leitura.


POSICIONAMENTO DO OBSERVADOR


Outro fator de grande importância para a maior exatidão de uma medição é o posicionamento do observador para realizar a leitura.

Um único instrumento pode dar origem a três leituras diferentes se três observadores estiverem em posições diferentes, como ilustrado na Fig.4.



Fig.4 Leituras que dependem da posição do observador.

Dos três observadores, apenas o “B” está em posição correta para a leitura, formando um ângulo de 90º em relação ao painel do instrumento. É portanto, o único que pode realizar uma leitura correta.

Este tipo de erro provocado pelo posicionamento do observador é denominado de  erro de paralaxe.


 Erro de paralaxe é o erro provocado por um mau posicionamento do observador para a leitura.


Alguns instrumentos dispõem de um aparelho na escala que serve para orientação do observador ao se posicionar.

A posição correta para a leitura é aquela em que o reflexo do ponteiro no espelho está escondido atrás do próprio ponteiro (o reflexo não é visível ao observador).

 Efeito de carga



Todo o instrumento de medição absorve uma determinada corrente do circuito a que está ligado. Essa corrente é necessária para o seu funcionamento, como a corrente Ina Fig.5.


Fig.5 Corrente Im é necessária para o instrumento operar.

Na maioria dos instrumentos, esta corrente é pequena, com valores típicos da ordem de microampères.

Denomina-se de sensibilidade de um instrumento a intensidade de corrente necessária para provocar a deflexão total do seu ponteiro.


  Sensibilidade de um instrumento é o valor de corrente que provoca a deflexão do seu ponteiro.

IMPEDÂNCIA DE ENTRADA DE UM INSTRUMENTO


Se um instrumento de medição absorve uma certa corrente do circuito, pode-se dizer que este instrumento apresenta uma resistência interna entre os seus bornes, como mostrado na Fig.6.


Fig.6 Impedância de entrada de um instrumento.

Esta resistência que o instrumento apresenta entre seus bornes é denominada de impedância de entrada do instrumento (Rent).

A impedância é muito importante principalmente para os voltímetros. A impedância de entrada de um voltímetro normalmente não é fornecida diretamente, mas pode ser determinada se a sensibilidade é conhecida.

Primeiro determina-se a característica ohms por volt (W/V) do voltímetro:

                                                                                                       (1)

onde Im é a sensibilidade do instrumento.

Através da característica W/V, pode-se determinar a impedância de entrada do voltímetro, da seguinte forma :

                                                                                             (2)

onde Rent é a impedância de entrada, x o valor de fundo de escala do instrumento e W/V a relação ohms por volt do instrumento.
Exemplo 1:

Um voltímetro para 25V deflexiona totalmente o ponteiro com uma corrente de 30mA. Qual a característica W/V do instrumento e sua impedância de entrada?

Solução :







Isto significa que um voltímetro de 25V com sensibilidade de 30mA se comporta como um resistor de 825 kW.

Suponha que o voltímetro de 25V citado seja utilizado para medir a tensão de saída de um divisor de tensão.

Ao conectar-se o voltímetro ao circuito, a sua resistência interna de 825kW fica em paralelo com a saída do divisor, atuando como se fosse uma carga, como ilustra a Fig.7.



Fig.7 O instrumento atua como carga no circuito.


Este paralelismo entre o voltímetro e a saída provoca uma redução de tensão fornecida pelo divisor, alterando o seu comportamento.

Esta relação não deveria acontecer, visto que o instrumento deve possibilitar a medição sem alterar o comportamento do circuito.

Quando ocorrem alterações no comportamento de um circuito devido a uma medição com um instrumento, diz-se que o circuito foi carregado pelo instrumento.

O efeito de carga provocado por um instrumento pode prejudicar completamente a precisão de uma medição.

Para ilustrar o efeito de carga, o seguinte exemplo determina a alteração que o instrumento provoca em uma medição.

Exemplo 2:

Tomando-se  o  divisor  de  tensão  da  figura abaixo,  e  o  voltímetro  de  25V  com  Im = 30mA (Rent = 825kW já calculada no Exemplo 1), verifique o seu efeito sobre a medição em R2 .


Solução :



Enquanto o voltímetro não é conectado, a tensão de saída é 15V porque os resistores R1 e R2 são iguais.


Ao ligar o voltímetro, associam-se em paralelo o resistor R2 e a impedância de entrada do voltímetro, como mostram as figuras que se seguem.








Recalculando-se o divisor, verifica-se que, ao conectar o voltímetro, a tensão de saída cai de 15V para 11,7V devido ao efeito de carga.

Quem estiver lendo o voltímetro concluirá que há um problema, pois a tensão de saída é 11,7V quando deveria ser 15V. Na verdade, o divisor está correto.

A partir do que foi exposto, podem-se tirar duas conclusões importantes:

·     Quanto maior for a impedância de entrada de um voltímetro, menor será o efeito de carga provocado no circuito.

·     Quanto maiores forem os valores de resistência de um circuito maior será a influência provocada pelo voltímetro.

Como os valores de resistência de um circuito dificilmente podem ser alterados, cabe ao técnico utilizar voltímetros com a maior impedância de entrada possível, minimizando-se, assim, o efeito de carga.


IMPEDÂNCIA DE ENTRADA DO VOLTÍMETRO


Os multímetros sempre trazem a característica W/V gravada no seu painel. Em geral são dois valores: um para AC e outro para DC.

Por exemplo, pode-se encontrar no painel de um multímetro a seguinte inscrição: DC 50kW/V, AC 10kW/V.

Para saber qual a impedância de entrada em cada escala, usa-se o valor W/V correspondente (em DC ou AC) multiplicado pela escala em questão:


Exemplo 3:

Suponha-se um multímetro com as seguintes características:

Escalas

DCV 600; 250; 60; 25                               DC-50kW/V
ACV 1.000; 600; 100; 60                AC-10kW/V

Determinar a impedância da entrada nas escalas DCV600; DCV25 e ACV100.

Solução :

a) A impedância de entrada na escala DCV600 :






b) A impedância de entrada na escala DCV25 :







c) A impedância de entrada na escala ACV100 :








Erros nas medições simultâneas de corrente e tensão



Os medidores de corrente são muito empregados em eletrônica, principalmente para o levantamento das características de componentes em laboratórios.

Dependendo da forma como esses instrumentos são conectados ao circuito, podem ocorrer erros de medição.

Suponha, por exemplo, que se necessite medir a corrente e a tensão em um componente.

Existem duas formas de realizar essas medições, como mostrado na Fig.8


       (a)      


                                                                  (b)

Fig.8 Formas de medir tensão e corrente em um componente.
No circuito da Fig.8a o voltímetro indica a tensão no componente, mas o amperímetro indica a corrente do componente mais a corrente do voltímetro, como  mostrado em detalhe na Fig.9.


Fig.9 O amperímetro indica Ic+Iv .

No circuito da Fig.8b o amperímetro indica a corrente no componente, mas o voltímetro indica a tensão no componente mais a queda de tensão no amperímetro, como ilustrado na Fig.10.


Fig.10 O voltímetro indica VA + VC .

Conclui-se que nenhum dos circuitos fornece, ao mesmo tempo, indicações corretas de corrente e de tensão apenas num componente. Isto significa que é necessário determinar qual a configuração mais adequada para cada situação.

APLICAÇÕES DAS CONFIGURAÇÕES DE MEDIÇÃO


As medições de tensão realizadas em eletrônica são obtidas com o multímetro. Em geral, os multímetros têm uma característica W/V em DC superior a 20kW/V, absorvendo correntes da ordem de 50mA ou menos.

Por esta razão, o circuito utilizado para medição é, na maioria das vezes, o mostrado na Fig.11.


Fig.11 Configuração usual para medição de tensão e corrente .

Este circuito não é utilizado apenas quando a corrente a ser medida implicar no uso de microamperímetro.

Nas ocasiões em que for necessário empregar um microamperímetro, deve-se utilizar a outra configuração de medição, como pode ser visto na Fig.12.


Fig.12 Configuração para medição de corrente e tensão se esta é superior a  1,5V.

Existe ainda uma ressalva com relação a este tipo de medição. Os microamperímetros geralmente provocam uma queda de tensão da ordem de 0,15V. Por esta razão esta configuração deve ser utilizada apenas para tensões de entrada superiores a 1,5V.

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